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Onda onde vibra-vai... Como é dito - quem sendo poça OBS: Para ler em voz alta – Sobre o trabalho tranS(obre)por #07 de Marcelo Armani Texto crítico para a mostra tranS(obre)por #07 - Centro Cultural FIEP, Curitiba, PR Nove,bro de 2013 MAR-cielo ARmany. Mais seu AR. Dando seu AR de praça, de paço, passo e passa. MAR. Cielo - Céu. Marcelo do Campo do mato - Marcel Duchamp/xeque-mate/Marcelo da Cidade e água na erva mate. Água no pó de café, água no feijão. Cidade que lhe ancorou muito tempo foi Canoas. Ride (estar ancorado). Easy Rider – desancoramentos. No mar não era! Mas rio – Rio que toca – Rio dos Sinos – Rio que tranS(borda) em cidade as vezes poça, quase Poa, respingada de umidade sonora, pesada, chuvarada, água parada, parada de coletivo parado. A parada Real, desamparada, desabrigada, parda. AR, AR, AR. Mais AR. Pouco ar. Many - muitos, muitas, numerosos. Marcelo, Mar, Ar, muy. tranS(obre)por – por transistor, resistor, fios e autofalantes, “Pensar é transpor” nos diz Ernest Block. Translado da rua/crua/cidade/mato/morro/pássaro. Sonoridade ohm, ride on, seguindo em frente pela resistência. Passeios, meios de transporte, viagens, trajetos, percursos, estradas, trilhas (sonoras) - improvisações. Mas se antes não era MAR... Agora é. MAR-muito. MAR-cielo sobre Oceano Atlântico. Em Oceano Índico. Agora são captações de paisagens em sucessão. Imagens poucas, mas há. Coloridas não muitas, mas pretas, cinzas e por vezes o branco do papel impresso. Saindo da ilha da Reunião e fazendo escalas (musicais) nas ilhas Maurícius, depois Johanesburgo, aqui por São Paulo e por fim as captações em Curitiba. Cidade destino. Cidade sete. Marcelo topografa. Sonda em textura de superfície, em paisagem de distância. Oferece-nos caronas sensoriais nestas viagens topográfico-sonoras pelas faces/vozes/cantos dos lugares explorados por ele. Caronas que agora ele retribui, pois os moradores dos ambientes visitados também lhe deram caronas pelos acidentes acústicos dos caminhos. Desvios das percepções sonadas (entorpecidas). Ares deslocados (não ares Marcel Duchampianos de Paris transatlântico/vidrado-encapsulados), mas em deslocamentos, em fades, loops, cortes, camadas, transparências, translucidações. Extensões tocadas, encostadas por seus microfones de contato e vistas de longe por seus unilaterais. Sons capitais, interiores e exteriores, diálogos apropriados, massas sonoras recortadas e iluminadas por sua edição meticulosa. O contato se dá na epiderme da cidade muitas vezes rústica, dura, por uma relação de passagem, por fricção, por captação do ar em movimento, por deslocamentos e momentos de escuta/escolha/coleta. Gravar a ação. Fazer coleção. Depois cocção da massa sonora multiforme. Ação de uma gota/gorjeio que despenca e se espatifa em mil decibéis no piso moldado por chuva chovida. Mas Marcelo está atento, a posto/sobreposto às gotas nas poças. Marcelo depura a água das poças, nos oferece potáveis, cristalinas aos ouvidos, delicadamente destiladas dos intrusos ruídos importunos. Sobra, obra que é própria de ouvir, de navegar em seus seis, oito canais de espacialidade sonora. Os seres vivos do lugar emitindo sons, as coisas sons. As coisas orelhadas. Com passadas. Esculpidas/olhadas. Notadas. Adensadas. Evoco a água como matéria de onda que flui, metáfora do olhar/ouvir/perceber/ecoar de MARcielo, o sujeito que carrega uma imensidão de águas e ondas em seu nome, e mais o ar que ainda resta no céu por percorrer – não aquele mitológico vendido aos crentes – mais o céu com AR, horizonte, Ar(t)mosfera, esfera pública. Onde audíveis e inaudíveis, que mesmo com nossa indiferença (incapacidade/dessensibilizarão), ainda estão lá percutindo. Marcelo tem escuta atenta. Ouvido fino. Entende isso. Tímpano de baterista. Urubu Branco de outrora. E nos devolve isso. Perguntem aos cães, aos lobos, eles sabem, eles podem, eles escutam. Nós não para certas frequências. Mas podemos, e devemos tentar escutar seus sons, se não de mares, os de águas, de cocos, de céus se precipitando sobre nós em vibrações, em decibéis; delicados eventualmente, mas belos pelo filtro sensível de MAR-cielo. Sim, será um bom encontro. Reencontro com uma realidade que de tão imersos, submersos, afogamos nossos sentidos. - MARcielo! Homen ao mar! Homen ao mar! Homen ao mar de informações! Para o meu amigo Marcelo, queria fazer um texto sem correção, bem de vagar, bem de vir, espero ter seguido neste princípio. Luciano Zanette Novembro de 2013 São Paulo, SP |